Maio maduro Maio Quem te pintou Quem te quebrou o encanto Nunca te amou Raiava o Sol já no Sul E uma falua vinha Lá de Istambul Sempre depois da sesta Chamando as flores Era o dia da festa Maio de amores Era o dia de cantar E uma falua andava Ao longe a varar Maio com meu amigo Quem dera já Sempre depois do trigo Se cantará Qu'importa a fúria do mar Que a voz não te esmoreça Vamos lutar Numa rua comprida El-rei pastor Vende o soro da vida Que mata a dor Venham ver, Maio nasceu
Com un ocell posat a dalt de tot d'un arbre, Abril vigila al seu temps alerta de que tot canvia.
Como um pássaro pousado no topo de uma árvore, Abril espera o tempo oportuno, sabendo que tudo muda.
L'herba més petita de les plantes verdeja mentides de bon temps, i el cel, ara gris, ara bon dia.
A erva mais insignificante verdeja promessas de bom tempo, quer o céu esteja cinzento, quer azul.
Entre el polsim daurat que fan els plàtans passa la gent indiferent, entre espurnes vives i ferides canta i ajuda el vent.
Entre o pólen doirado que cai dos plátanos passa a gente indiferente; entre chispas incandescentes e feridas
Un Abril em va portar per l'aire una cançó, el meu amic la cantava, també la vull cantar jo.
Um Abril me vai trazer pelo ar uma canção, o meu amigo cantava-a, também a quero cantar eu!
Ai Abril, més amorós, aire de llum, vol de llavors!
Ai Abril, mês amoroso, ar de luz, voo de sementes!
Què ens durà el riu d'Abril dins la corrent: aigua neta, aigua bruta, bones hores o mal temps? Seran de mort o de vida aquestes flors? Jo vull la del meu amic, clavell de bones olors.
Que nos trará o rio de Abril na sua corrente: água pura, água turva, boas horas ou tempos maus? Serão de morte ou de vida estas flores? Eu quero a do meu amigo, cravo de bons aromas.
Estimat, no estinguis trist si te costa alenar; si no ens ha canviat el Març un bon Abril ho farà.
Querido, não estejas triste se te custa respirar, se Março não nos trouxe mudança um bom Abril o fará..
Pega nele e segue em frente! Pega nele e segue em frente!
Encontrámos um jovem caído o peito cheio de flores vermelhas… Do meio dos barrotes chega o grito da juventude basca! Rapazes, demos as mãos! Levemos isto unidos! Se no caminho cai um irmão… Pega nele e segue em frente!
Pega nele e segue em frente! Pega nele e segue em frente!
Não temos medo, não temos vergonha de mostrar quem somos, o que somos. Não somos ladrões, não somos cães para nos prenderem a uma corrente. Se somos homens, continuemos em frente, até sermos senhores da nossa terra. Estamos acostumados a aninhar sob as asas da liberdade. Aprendemos a caminhar sem dar a mão aos lobos.
Pega nele e segue em frente! Pega nele e segue em frente!
Se o inimigo me quer amedrontar ameaçando-me com a sua espada, erguer-me-ei à sua frente falando-lhe na minha língua. Rapazes, não me choreis se cair nesta noite escura. Irei acender uma nova estrela no céu de Euskal Herria… no céu de Euskal Herria… no céu de Euskal Herria…
Pega nele e segue em frente! Pega nele e segue em frente!
" Todos nós somos memória, e a memória, para o bom e para o mal, é a única coisa que não nos podem roubar".
Cantares de Amigos
"É possível falar sem um nó na garganta é possível amar sem que venham proibir é possível correr sem que seja a fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta. É possível andar sem olhar para o chão é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros. Se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor é possível o pão. É possível viver de pé! Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre."
Manuel Alegre
"Primeiro levaram os comunistas, mas não me importei com isso eu não era comunista. Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso eu também não era operário. Depois prenderam os sindicalistas, mas não me importei com isso porque eu não sou sindicalista. Depois agarraram uns sacerdotes, mas como não sou religioso também não me importei. Agora estão-me a levar a mim Mas já é tarde..."
(Bertold Brecht)
“A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí.”
José Régio
"Oh! Esta comoção de me sentir sozinho no meio da multidão - a ouvir o meu coração no peito do vizinho Oh! Esta solidão quente como a camaradagem do vinho!
José Gomes Ferreira, Comício"
"Homem, abre os olhos e verás em cada outro homem um irmão. Homem, as paixões que te consomem não são boas nem más. São a tua condição. A paz, porém, só a terás quando o pão que os outros comem, homem, for igual ao teu pão.
Armindo Rodrigues"
"Quando desembarcas em Lisboa, Céu celeste e rosa, estuque branco e ouro pétalas de ladrilho as casas, as portas, os tectos, as janelas salpicadas do ouro verde dos limões, do azul ultramarino dos navios, quando desembarcas não conheces, não sabes que por detrás das janelas escuta ronda a polícia negra, os carcereiros de luto de Salazar, perfeitos filhos de sacristia e calabouço despachando presos para as ilhas, condenando ao silêncio pululando como esquadrões de sombras sob janelas verdes, entre montes azuis, a polícia, sob outonais cornucópias, a polícia procurando portugueses, escavando o solo, destinando os homens à sombra.