Cuando ya nada se espera personalmente exaltante, más se palpita y se sigue más acá de la consciencia, fieramente existiendo, ciegamente afirmando, como un pulso que golpea las tinieblas, que golpea las tinieblas.
Cuando se miran de frente los vertiginosos ojos claros de la muerte, se dicen las verdades ; las bárbaras, terribles, amorosas crueldades, amorosas crueldades.
Poesía para el pobre, poesía necesaria como el pan de cada día, como el aire que exigimos trece veces por minuto para ser y tanto somos, dar un sí que glorifica, dar un sí que glorifica.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan decir que somos quien somos, nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno, Estamos tocando el fondo, estamos tocando el fondo.
Maldigo al poesía concebida como un lujo cultural para los neutrales que lavándose las manos, se desentienden y evaden. Maldigo la poesía de quien no ha tomado partido, partido hasta mancharse.
Hago mías las faltas. Siento en mi a cuantos sufren y canto respirando. Canto y canto y cantando más allá de mis penas de mis penas personales, me ensancho, me ensancho.
Quiero daros vida, provocar nuevos actos, y calculo por eso, con técnica que puedo. Me siento un ingeniero del verso y un obrero que trabaja con otros a España, a España a sus aceros.
No es una poesía gota a gota pensada, No es un bello producto. No es un fruto perfecto, es lo más necesario: lo que no tiene nombre. Son gritos en el cielo, y en la tierra son actos.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejen decir que somos quien somos, nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno Estamos tocando el fondo, Estamos tocando el fondo.
" Todos nós somos memória, e a memória, para o bom e para o mal, é a única coisa que não nos podem roubar".
Cantares de Amigos
"É possível falar sem um nó na garganta é possível amar sem que venham proibir é possível correr sem que seja a fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta. É possível andar sem olhar para o chão é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros. Se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor é possível o pão. É possível viver de pé! Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre."
Manuel Alegre
"Primeiro levaram os comunistas, mas não me importei com isso eu não era comunista. Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso eu também não era operário. Depois prenderam os sindicalistas, mas não me importei com isso porque eu não sou sindicalista. Depois agarraram uns sacerdotes, mas como não sou religioso também não me importei. Agora estão-me a levar a mim Mas já é tarde..."
(Bertold Brecht)
“A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí.”
José Régio
"Oh! Esta comoção de me sentir sozinho no meio da multidão - a ouvir o meu coração no peito do vizinho Oh! Esta solidão quente como a camaradagem do vinho!
José Gomes Ferreira, Comício"
"Homem, abre os olhos e verás em cada outro homem um irmão. Homem, as paixões que te consomem não são boas nem más. São a tua condição. A paz, porém, só a terás quando o pão que os outros comem, homem, for igual ao teu pão.
Armindo Rodrigues"
"Quando desembarcas em Lisboa, Céu celeste e rosa, estuque branco e ouro pétalas de ladrilho as casas, as portas, os tectos, as janelas salpicadas do ouro verde dos limões, do azul ultramarino dos navios, quando desembarcas não conheces, não sabes que por detrás das janelas escuta ronda a polícia negra, os carcereiros de luto de Salazar, perfeitos filhos de sacristia e calabouço despachando presos para as ilhas, condenando ao silêncio pululando como esquadrões de sombras sob janelas verdes, entre montes azuis, a polícia, sob outonais cornucópias, a polícia procurando portugueses, escavando o solo, destinando os homens à sombra.