Tu que dormes a noite na calçada de relento Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento És meu irmão amigo És meu irmão
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume E sofres o Natal da solidão sem um queixume És meu irmão amigo És meu irmão
Natal é em Dezembro Mas em Maio pode ser Natal é em Setembro É quando um homem quiser Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar Tu que inventas bonecas e comboios de luar E mentes ao teu filho por não os poderes comprar És meu irmão amigo És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei És meu irmão amigo És meu irmão
Natal é em Dezembro Mas em Maio pode ser Natal é em Setembro É quando um homem quiser Natal é quando nasce uma vida a amanhecer Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
No me llames extranjero, por que haya nacido lejos, O por que tenga otro nombre la tierra de donde vengo No me llames extranjero, por que fue distinto el seno O por que acunó mi infancia otro idioma de los cuentos, No me llames extranjero si en el amor de una madre, Tuvimos la misma luz en el canto y en el beso, Con que nos sueñan iguales las madres contra su pecho.
No me llames extranjero, ni pienses de donde vengo, Mejor saber donde vamos, adonde nos lleva el tiempo, No me llames extranjero, por que tu pan y tu fuego, Calman mi hambre y frío, y me cobije tu techo, No me llames extranjero tu trigo es como mi trigo Tu mano como la mía, tu fuego como mi fuego, Y el hambre no avisa nunca, vive cambiando de dueño. Y me llamas extranjero por que me trajo un camino, Por que nací en otro pueblo, por que conozco otros mares, Y zarpé un día de otro puerto, si siempre quedan iguales en el Adiós los pañuelos, y las pupilas borrosas de los que dejamos Lejos, los amigos que nos nombran y son iguales los besos Y el amor de la que sueña con el día del regreso. No me llames extranjero, traemos el mismo grito, El mismo cansancio viejo que viene arrastrando el hombre Desde el fondo de los tiempos, cuando no existían fronteras, Antes que vinieran ellos, los que dividen y matan, Los que roban los que mienten los que venden nuestros sueños, Los que inventaron un día, esta palabra, extranjero.
No me llames extranjero que es una palabra triste, Que es una palabra helada huele a olvido y a destierro, No me llames extranjero mira tu niño y el mío Como corren de la mano hasta el final del sendero, No me llames extranjero ellos no saben de idiomas De límites ni banderas, míralos se van al cielo Por una risa paloma que los reúne en el vuelo.
No me llames extranjero piensa en tu hermano y el mío El cuerpo lleno de balas besando de muerte el suelo, Ellos no eran extranjeros se conocían de siempre Por la libertad eterna e igual de libres murieron No me llames extranjero, mírame bien a los ojos, Mucho más allá del odio, del egoísmo y el miedo, Y verás que soy un hombre, no puedo ser extranjero.
Se equivocó la paloma, se equivocaba. Por ir al norte, fue al sur. Creyó que el trigo era agua. Se equivocaba. Creyó que el mar era el cielo; que la noche, la manaña. Se equivocaba. Que las estrellas,eran rocio; que la calor, la nevada. Se equivocaba. Que tu falda era su blusa, que tu corazón, su casa. Se equivocaba. (Ella se durmió en la orilla. Tú, en la cumbre de una rama)
Posso escrever os versos mais tristes esta noite Escrever por exemplo: A noite está fria e tiritam, azuis, os astros à distância Gira o vento da noite pelo céu e canta Posso escrever os versos mais tristes esta noite Eu a quis e por vezes ela também me quis Em noites como esta, apertei-a em meus braços Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito Ela me quis e as vezes eu também a queria Como não ter amado seus grandes olhos fixos ? Posso escrever os versos mais lindos esta noite Pensar que não a tenho Sentir que já a perdi Ouvir a noite imensa mais profunda sem ela E cai o verso na alma como orvalho no trigo Que importa se não pode o meu amor guardá-la ?
A noite está estrelada e ela não está comigo Isso é tudo A distância alguém canta. A distância Minha alma se exaspera por havê-la perdido Para tê-la mais perto meu olhar a procura Meu coração procura-a, ela não está comigo A mesma noite faz brancas as mesmas árvores Já não somos os mesmos que antes havíamos sido Já não a quero, é certo Porém quanto a queria ! A minha voz no vento ia tocar-lhe o ouvido De outro. será de outro Como antes de meus beijos Sua voz, seu corpo claro, seus olhos infinitos Já não a quero, é certo, Porém talvez a queira Ah ! é tão curto o amor, tão demorado o olvido Porque em noites como esta Eu a apertei em meus braços, Minha alma se exaspera por havê-la perdido Mesmo que seja a última esta dor que me causa E estes versos os últimos que eu lhe tenha escrito.
Eu sou português aqui em terra e fome talhado feito de barro e carvão rasgado pelo vento norte amante certo da morte no silêncio da agressão.
Eu sou português aqui mas nascido deste lado do lado de cá da vida do lado do sofrimento da miséria repetida do pé descalço do vento.
Nasci deste lado da cidade nesta margem no meio da tempestade durante o reino do medo. Sempre a apostar na viagem quando os frutos amargavam e o luar sabia a azedo.
Eu sou português aqui no teatro mentiroso mas afinal verdadeiro na finta fácil no gozo no sorriso doloroso no gingar dum marinheiro.
Nasci deste lado da ternura do coração esfarrapado eu sou filho da aventura da anedota do acaso campeão do improviso, trago as mão sujas do sangue que empapa a terra que piso.
Eu sou português aqui na brilhantina em que embrulho, do alto da minha esquina a conversa e a borrasca eu sou filho do sarilho do gesto desmesurado nos cordéis do desenrasca.
Nasci aqui no mês de Abril quando esqueci toda a saudade e comecei a inventar em cada gesto a liberdade.
Nasci aqui ao pé do mar duma garganta magoada no cantar. Eu sou a festa inacabada quase ausente eu sou a briga a luta antiga renovada ainda urgente.
Eu sou português aqui o português sem mestre mas com jeito.
Eu sou português aqui e trago o mês de Abril a voar dentro do peito.
M'en voudrez-vous beaucoup si je vous dis un monde Qui chante au fond de moi au bruit de l'ocean M'en voudrez-vous beaucoup si la revolte gronde Dans ce nom que je dis au vent des quatre vents Ma memoire chante en sourdine : Potemkine.
Ils etaient des marins durs a la discipline Ils etaient des marins, ils etaient des guerriers Et le coeur d'un marin au grand vent se burine, Ils etaient des marins sur un grand cuirassé Sur les flots je t'imagine : Potemkine.
M'en voudrez-vous beaucoup si je vous dis un monde Ou celui qui a faim va etre fusillé Le crime se prepare et la mer est profonde Que face aux revoltés montent les fusiliers C'est mon frére qu'on assassine : Potemkine.
Mon frére, mon ami, mon fils, mon camarade Tu ne tireras pas sur qui souffre et se plaint Mon frére, mon ami, je te fais notre alcade Marin, ne tire pas sur un autre marin Ils tournerent leurs carabines : Potemkine.
M'en voudrez-vous beaucoup si je vous dis un monde Ou l'on punit ainsi qui veut donner la mort M'en voudrez-vous beaucoup si je vous dis un monde Ou l'on n'est pas toujours du coté du plus fort Ce soir j'aime la marine : Potemkine
Sou de outras coisas pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro e sou amante da profunda liberdade sou parte inteira de uma vida vagabunda sou evadido da tristeza e da ansiedade
Sou doutras coisas fiz o meu barco com guitarras e com folhas e com o vento fiz a vela que me leva sou pescador de coisas belas, de emoções sou a maré que sempre sobe e não sossega
Sou das pessoas que me querem e que eu amo vivo com elas por saber quanto lhes quero a minha casa é uma ilha é uma pedra que me entregaram num abraço tão sincero
Sou doutras coisas sou de pensar que a grandeza está no homem porque é o homem o mais lindo continente tanto me faz que a terra seja longa ou curta tranco-me aqui por ser humano e por ser gente
Sou doutras coisas sou de entender a dor alheia que é a minha sou de quem parte com a mágoa de quem fica mas também sou de querer sonhar o novo dia
Levántate y mira la montaña de donde viene el viento, el sol y el agua, tú que manejas el curso de los ríos, tú que sembraste el vuelo de tu alma. Levántate y mírate las manos para crecer, estréchala a tu hermano, juntos iremos unidos en la sangre, hoy es el tiempo que puede ser mañana. Líbranos de aquel que nos domina en la miseria; tráenos tu reino de justicia e igualdad; sopla como el viento la flor de la quebrada, limpia como el fuego el cañón de mi fusil; hágase por fin la voluntad aquí en la tierra danos tu fuerza y tu valor al combatir, sopla como el viento la flor de la quebrada, limpia como el fuego el cañón de mi fusil.
Levántate y mírate las manos para crecer, estréchala a tu hermano, juntos iremos unidos en la sangre, ahora en la hora de nuestra muerte. Amén.
Que venha essa nova mulher de dentro de mim, Com olhos felinos felizes e mãos de cetim E venha sem medo das sombras, que rondam o meu coração, E ponha nos sonhos dos homens A sede voraz, da paixão Que venha de dentro de mim, ou de onde vier, Com toda malícia e segredos que eu não souber Que tenha o cio das corças e lute com todas as forças, Conquiste o direito de ser uma nova mulher Livre, livre, livre para o amor.... quero ser assim, quero ser assim Senhora das minhas vontades E dona de mim Livre, livre, livre para o amor, Quero ser assim, quero ser assim, Senhora das minha vontades E dona de mim.... Que venha de dentro de mim, ou de onde vier, Com toda malícia e segredos que eu não souber Que tenha o cio das corças e lute com todas as forças, Conquiste o direito de ser uma nova mulher Livre, livre, livre para o amor Quero ser assim, quero ser assim, Senhora das minhas vontades E dona de mim Livre, livre, livre para o amor, Quero ser assim, quero ser assim, Senhora das minhas vontades E dona de mim.... Que venha essa nova mulher de dentro de mim Que venha de dentro de mim ou de onde vier Que venha essa nova mulher de dentro de mim
Regarde-la ma ville Elle s'appelle bidon Bidon, bidon, bidonville Vivre la dedans c'est cotton Les filles qui ont la peau douce La vendent pour manger Dans les chambres l'herbe pousse Pour y dormir faut se pousser Les gosses jouent mais le ballon C'est une boite de sardine, bidon Donne-moi ta main camarade Toi qui viens d'un pays ou les hommes sont beaux Donne-moi ta main camarade J'ai cinq doigts moi aussi On peut se croire egaux. Regarde-la ma ville Elle s'appelle bidon Bidon, bidon, bidonville Me tailler d'ici,a quoi bon. Pourquoi veux-tu que je me perde Dans tes cites,a quoi sa sert ! Je verrai toujours de la merde Meme dans le bleu de la mer Je dormirais sur des millions Je reverrai toujours toujours bidon Donne-moi ta main camarade Toi qui viens d'un pays ou les hommes sont beaux Donne-moi ta main camarade J'ai cinq doigts moi aussi On peut se croire egaux. Serre-moi la main, camarade Je te dis au revoir Je te dis a bientot Bientot, bientot On pourra se parler, camarade, Bientot, bientot On pourra s'embrasser, camarade, Bientot, bientot Les oiseaux, les jardins, les cascades, Bientot, bientot Le soleil dansera, camarade Bientot, bientot Je t'attends, je t'attends, camarade.
Sentada en el anden, Mi cuerpo tiembla y puedo ver, Que a lo lejos silva el viejo tren Como sombra del ayer.no sera facil ser De nuevo un solo corazón, Siempre habia sido una mitad Sin saber mi identidad. No llevare ninguna imagen de aqui Me ire desnuda igual que naci, Debo empezar a ser yo misma y saber Que soy capaz y que ando por mi pie. Siempre habia sido una mitad, Sin saber mi identidad No llevare ninguna imagen de aqui, Me ire desnuda igual que naci, Debo empezar a ser yo misma y saber, Que soy capaz y que ando por mi pie. Desde mi libertad Soy fuerte porque soy volcan, Nunca me enseñaron a volar Pero el vuelo debo alzar. Nunca me enseñaron a volar Pero el vuelo debo Alzar
Cuando ya nada se espera personalmente exaltante, más se palpita y se sigue más acá de la consciencia, fieramente existiendo, ciegamente afirmando, como un pulso que golpea las tinieblas, que golpea las tinieblas.
Cuando se miran de frente los vertiginosos ojos claros de la muerte, se dicen las verdades ; las bárbaras, terribles, amorosas crueldades, amorosas crueldades.
Poesía para el pobre, poesía necesaria como el pan de cada día, como el aire que exigimos trece veces por minuto para ser y tanto somos, dar un sí que glorifica, dar un sí que glorifica.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan decir que somos quien somos, nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno, Estamos tocando el fondo, estamos tocando el fondo.
Maldigo al poesía concebida como un lujo cultural para los neutrales que lavándose las manos, se desentienden y evaden. Maldigo la poesía de quien no ha tomado partido, partido hasta mancharse.
Hago mías las faltas. Siento en mi a cuantos sufren y canto respirando. Canto y canto y cantando más allá de mis penas de mis penas personales, me ensancho, me ensancho.
Quiero daros vida, provocar nuevos actos, y calculo por eso, con técnica que puedo. Me siento un ingeniero del verso y un obrero que trabaja con otros a España, a España a sus aceros.
No es una poesía gota a gota pensada, No es un bello producto. No es un fruto perfecto, es lo más necesario: lo que no tiene nombre. Son gritos en el cielo, y en la tierra son actos.
Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejen decir que somos quien somos, nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno Estamos tocando el fondo, Estamos tocando el fondo.
Chamava-se Catarina O Alentejo a viu nascer Serranas viram-na em vida Baleizão a viu morrer Ceifeiras na manhã fria Flores na campa lhe vão por Ficou vermelha a campina Do sangue que então brotou
Acalma o furor campina Que o teu pranto não findou Quem viu morrer Catarina Não perdoa a quem matou
Aquela pomba tão branca Todos a querem pr'a si Ó Alentejo queimado Ninguém se lembra de ti
Aquela andorinha negra Bate as asas p´ra voar Ó Alentejo esquecido Inda um dia hás-de cantar.
Victor Jara estava nas instalações da Universidade, quando se deu o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 11 de Setembro de 1973. Os militares cercaram a Universidade onde se encontravam alunos, funcionários e professores, obrigando-os a passar a noite de 11 para 12 de Setembro dentro das suas instalações. No dia seguinte invadiram a Universidade e transportaram-nos para o Estádio do Chile, convertendo-o num campo de concentração. Os prisioneiros foram mantidos lá num clima de fome, frio, violência e terror durante vários dias. Victor Jara foi reconhecido pelos militares e foi espancado e torturado durante esses dias, até ao seu assassinato a 16 de Setembro.
Nos dias anteriores ao seu assassinato, escreveu este poema que, graças aos seus companheiros de cativeiro, conseguiu chegar até nós. E neste dia em que a justiça chilena condenou o seu cruel assassino, aqui deixo a minha homenagem a este grande homem de convicções. Hasta siempre Victor Jara.
"Somos cinco mil
Somos cinco mil aquí. En esta pequeña parte de la ciudad. Somos cinco mil. ¿Cuántos somos en total en las ciudades y en todo el país?
Somos aquí diez mil manos que siembran y hacen andar las fábricas.
¡Cuánta humanidad con hambre, frío, pánico, dolor, presión moral, terror y locura!
Seis de los nuestros se perdieron en el espacio de las estrellas.
Un muerto, un golpeado como jamás creí se podría golpear a un ser humano.
Los otros cuatro quisieron quitar se todos los temores,uno saltando al vacío, otro golpeándose la cabeza contra el muro, pero todos con la mirada fija de la muerte.
¡Qué espanto causa el rostro del fascismo!
Llevan a cabo sus planes con precisión artera sin importarles nada. La sangre para ellos son medallas. La matanza es acto de heroísmo.
¿Es éste el mundo que creaste, Dios mío? ¿Para esto tus siete días de asombro y trabajo?
En estas cuatro murallas sólo existe un número que no progresa. Que lentamente querrá la muerte.
Pero de pronto me golpea la consciencia y veo esta marea sin latido y veo el pulso de las máquinas y los militares mostrando su rostro de matrona lleno de dulzura.
¿Y Méjico, Cuba, y el mundo? ¡Qué griten esta ignominia!
Somos diez mil manos que no producen. ¿Cuántos somos en toda la patria?
La sangre del Compañero Presidente golpea más fuerte que bombas y metrallas. Así golpeará nuestro puño nuevamente. Canto, que mal me salescuando tengo que cantar espanto. Espanto como el que vivo, como el que muero, espanto.
De verme entre tantos y tantos momentos del infinito en que el silencio y el grito son las metas de este canto.
Lo que nunca vi, lo que he sentido y lo que siento hará brotar el momento..."
Sim, foi assim que a minha mão Surgiu de entre o silêncio obscuro E com cuidado, guardou lugar À flor da Primavera e a tudo
Manhã de Abril E um gesto puro Coincidiu com a multidão Que tudo esperava e descobriu Que a razão de um povo inteiro Leva tempo a construir
Ficámos nós Só a pensar Se o gesto fora bem seguro
Ficámos nós A hesitar Por entre as brumas do futuro
A outra acção prudente Que termo dava À solidão da gente Que deseperava Na calada e fria noite De uma terra inconsolável Adormeci Com a sensação Que tinhamos mudado o mundo Na madrugada A multidão Gritava os sonhos mais profundos
Mas além disso Um outro breve início Deixou palavras de ordem Nos muros da cidade Quebrando as leis do medo Foi mostrando os caminhos E a cada um a voz Que a voz de cada era A sua voz A sua voz
...Quem a fez era soldado homem novo capitão mas também tinha a seu lado muitos homens na prisão. De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse um menino que sorriu uma porta que se abrisse um fruto que se expandiu um pão que se repartisse um capitão que seguiu o que a história lhe predisse e entre vinhas sobredos vales socalcos searas serras atalhos veredas lezírias e praias claras um povo que levantava sobre um rio de pobreza a bandeira em que ondulava a sua própria grandeza! De tudo o que Abril abriu ainda pouco se disse e só nos faltava agora que este Abril não se cumprisse. Só nos faltava que os cães viessem ferrar o dente na carne dos capitães que se arriscaram na frente. Na frente de todos nós povo soberano e total que ao mesmo tempo é a voz e o braço de Portugal. Ouvi banqueiros fascistas agiotas do lazer latifundiários machistas balofos verbos de encher e outras coisas em istas que não cabe dizer aqui que aos capitães progressistas o povo deu o poder! E se esse poder um dia o quiser roubar alguém não fica na burguesia volta à barriga da mãe! Volta à barriga da terra que em boa hora o pariu agora ninguém mais cerra as portas que Abril abriu! Ary dos Santos
Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. Pretendendo continuar a informar o País sobre o desenrolar dos acontecimentos históricos que se estão processando, o Movimento das Forças Armadas comunica que as operações iniciadas na madrugada de hoje se desenrolam de acordo com as previsões, encontrando-se dominados vários objectivos importantes de entre os quais de citam os seguintes: - Comando da Legião Portuguesa - Emissora nacional - Rádio Clube Português - Radiotelevisão Portuguesa - Rádio Marconi - Banco de Portugal - Quartel-General da Região Militar de Lisboa - Quartel-General da Região Militar do Porto - Instalações do Quartel-Mestre-General - Ministério do Exército, donde o respectivo Ministro se pôs em fuga - Aeroporto da Portela - Aeródromo Base n.º 1 - Manutenção Militar - Forte de Peniche
S. Ex.ª o Almirante Américo Tomás, S. Ex.ª o Prof. Marcelo Caetano e os membros do Governo encontram-se cercados por forças do Movimento no quartel da Guarda Nacional Republicana, no Carmo, e no Regimento de Lanceiros 2 tendo já sido apresentado um ultimato para a sua rendição. O Movimento domina a situação em todo o País e recomenda, uma vez mais, a toda a população que se mantenha calma. Renova-se, também, a indicação já difundida para encerramento imediato dos estabelecimentos comerciais, por forma a não ser forçoso decretar o recolher obrigatório.
Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.
Quis saber quem sou O que faço aqui Quem me abandonou De quem me esqueci Perguntei por mim Quis saber de nós Mas o mar Não me traz Tua voz.
Em silêncio, amor Em tristeza e fim Eu te sinto, em flor Eu te sofro, em mim Eu te lembro, assim Partir é morrer Como amar É ganhar E perder
Tu vieste em flor Eu te desfolhei Tu te deste em amor Eu nada te dei Em teu corpo, amor Eu adormeci Morri nele E ao morrer Renasci
E depois do amor E depois de nós O dizer adeus O ficarmos sós Teu lugar a mais Tua ausência em mim Tua paz Que perdi Minha dor que aprendi De novo vieste em flor Te desfolhei...
E depois do amor E depois de nós O adeus O ficarmos sós
Somos filhos da madrugada Pelas praias do mar nos vamos À procura de quem nos traga Verde oliva de flor no ramo Nave gamos de vaga em vaga Não sou bemos de dor nem mágoa Pelas praias do mar nos vamos À procura de manhã clara
Lá do cimo de uma montanha Acendemos uma fogueira Para não se apagar a chama Que dá vida na noite inteira Mensageira pomba chamada Mensageira da madrugada Quando a noite vier que venha Lá do cimo de uma montanha
Onde o vento cortou amarras Largaremos p'la noite fora Onde há sempre uma boa estrela Noite e dia ao romper da aurora Vira a proa minha galera Que a vitória já não espera Fresca, brisa, moira encantada Vira a proa da minha barca.
Se Vossa Excelência Senhor Presidente Viesse cá almoçar mais vezes Se um dia chegasse de surpresa Iria ver onde é a nossa mesa Pr'aí pela beira da estrada Ou entre as pilhas da madeira Podia ver como é que a gente come Podia ver como é que a gente vive.
Se Vossa Excelência Senhor Presidente Viesse cá almoçar mais vezes Iria ouvir discursos bem diferentes Nas bocas que hoje foram tão galantes Iria ver como essa gente Tão boazinha e sorridente Como essa gente trata quem trabalha Como nos fala aqui no dia-a-dia.
Se Vossa Excelência Senhor Presidente Viesse cá almoçar mais vezes Se cá viesse sem a comitiva Então veria o que é a nossa vida Veria a gente despedida Ameaçada e ofendida Por defender o pão das nossas bocas Por defender o pão dos nossos filhos.
Se Vossa Excelência Senhor Presidente Viesse cá almoçar mais vezes Se um dia aqui chegasse sem aviso Então faria disto um bom juízo Iria ver como é roubado Quem dia a dia é explorado Que aqui quem manda faz tudo o que quer Mas não vai ser não vai ser sempre assim.
"Hoy puede ser un gran día", plantéatelo así: aprovecharlo o que pase de largo depende en parte de tí.
Dale el día libre a la experiencia para comenzar y recíbelo como si fuera fiesta de guardar.
No consientas que se esfume, asómate y consume la vida a granel... "Hoy puede ser un gran día", duro con él... "Hoy puede ser un gran día", donde todo está por descubrir, si lo empleas como el último que te toca vivir.
Saca de paseo a tus instintos, y ventílalos al sol y no dosifiques los placeres, si puedes, derróchalos.
Si la rutina te aplasta, dile que ya basta de mediocridad... "Hoy puede ser un gran día", date una oportunidad... "Hoy puede ser un gran día", i mposible de recuperar, un ejemplar único, no lo dejes escapar. Que todo cuanto te rodea lo han puesto para tí. No lo mires desde la ventana, y siéntate al festín. Pelea por lo que quieres y no desesperes si algo no anda bien... "Hoy puede ser un gran día" y mañana también...
Para la libertad sangro, lucho, pervivo. Para la libertad, mis ojos y mis manos, como un árbol carnal, generoso y cautivo, doy a los cirujanos. Para la libertad siento más corazones que arenas en mi pecho: dan espumas mis venas, y entro en los hospitales, y entro en los algodones como en las azucenas. Porque donde unas cuencas vacías amanezcan, ella pondrá dos piedras de futura mirada y hará que nuevos brazos y nuevas piernas crezcan en la carne talada. Retoñarán aladas de savia sin otoño, reliquias de mi cuerpo que pierdo en cada herida. Porque soy como el árbol talado, que retoño: aún tengo la vida.
Todo pasa y todo queda Pero lo nuestro es pasar, Pasar haciendo caminos, Caminos sobre la mar.
Nunca perseguí la gloria, Ni dejar en la memoria De los hombres mi canción; Yo amo los mundos sutiles, Ingrávidos y gentiles Como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse de sol y grana, Volar bajo el cielo azul, Temblar súbitamente y quebrarse... Nunca perseguí la gloria.
Caminante son tus huellas el camino y nada más; Caminante, no hay camino se hace camino al andar.
Al andar se hace camino Y al volver la vista atrás Se ve la senda que nunca Se ha de volver a pisar. Caminante no hay camino sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar Donde hoy los bosques se visten de espinos Se oyó la voz de un poeta gritar Caminante no hay camino, se hace camino al andar...
Golpe a golpe, verso a verso... Murió el poeta lejos del hogar Le cubre el polvo de un país vecino. Al alejarse, le vieron llorar. "caminante, no hay camino, se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso... Cuando el jilguero no puede cantar Cuando el poeta es un peregrino, Cuando de nada nos sirve rezar. Caminante no hay camino, se hace camino al andar.
" Todos nós somos memória, e a memória, para o bom e para o mal, é a única coisa que não nos podem roubar".
Cantares de Amigos
"É possível falar sem um nó na garganta é possível amar sem que venham proibir é possível correr sem que seja a fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta. É possível andar sem olhar para o chão é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros. Se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor é possível o pão. É possível viver de pé! Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre."
Manuel Alegre
"Primeiro levaram os comunistas, mas não me importei com isso eu não era comunista. Em seguida levaram alguns operários, mas não me importei com isso eu também não era operário. Depois prenderam os sindicalistas, mas não me importei com isso porque eu não sou sindicalista. Depois agarraram uns sacerdotes, mas como não sou religioso também não me importei. Agora estão-me a levar a mim Mas já é tarde..."
(Bertold Brecht)
“A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí.”
José Régio
"Oh! Esta comoção de me sentir sozinho no meio da multidão - a ouvir o meu coração no peito do vizinho Oh! Esta solidão quente como a camaradagem do vinho!
José Gomes Ferreira, Comício"
"Homem, abre os olhos e verás em cada outro homem um irmão. Homem, as paixões que te consomem não são boas nem más. São a tua condição. A paz, porém, só a terás quando o pão que os outros comem, homem, for igual ao teu pão.
Armindo Rodrigues"
"Quando desembarcas em Lisboa, Céu celeste e rosa, estuque branco e ouro pétalas de ladrilho as casas, as portas, os tectos, as janelas salpicadas do ouro verde dos limões, do azul ultramarino dos navios, quando desembarcas não conheces, não sabes que por detrás das janelas escuta ronda a polícia negra, os carcereiros de luto de Salazar, perfeitos filhos de sacristia e calabouço despachando presos para as ilhas, condenando ao silêncio pululando como esquadrões de sombras sob janelas verdes, entre montes azuis, a polícia, sob outonais cornucópias, a polícia procurando portugueses, escavando o solo, destinando os homens à sombra.